O documentário em redes de indignação e esperança
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O documentário em redes de indignação e esperança

Cultura e arte, comunicação e resistência


Por Carol Assunção, Jornalista, pesquisadora em conteúdo audiovisual, Doutora em Linguística do Texto e do Discurso


No título deste texto, faço referência ao livro de Manuel Castells sobre movimentos sociais na internet, lançado no Brasil em 2013. Proponho refletir aqui sobre possibilidades que a rede de computadores conectados trouxe para o filme documentário, e não vejo como tratar do assunto sem o apoio da obra desse autor tão importante.


É dele o conceito de mass self communication (autocomunicação de massa), que explica a dinâmica da internet por meio do acesso personalizado a um conteúdo massivo, bem como da convergência entre os meios de comunicação de massa e as redes de comunicação horizontal. De acordo com o autor num artigo sobre poder e contra-poder na sociedade em rede, tal estrutura fortalece a participação cidadã na transformação social. E esta quase sempre começa em movimentos sociais mobilizados para mudar mentalidades a ponto de pressionar as instituições por resposta às demandas colocadas publicamente em pauta.


"Esses movimentos sociais em rede são novos tipos de movimentos democráticos, movimentos que estão reconstruindo a esfera pública no espaço de autonomia constituído em torno da interação entre localidades e redes da internet, fazendo experiências com as tomadas de decisão com base em assembleias e reconstituindo a confiança como alicerce da interação humana." (Manuel Castells, 2013, p.31)

O que o documentário tem a ver com isso? Com a comunicação multimídia e em rede, filmes não-ficcionais também ganham mobilidade. Pontos de vista, teses sobre o mundo, modos de vida diversos e gritos de socorro chegam a lugares e pessoas que não alcançavam antes, com mais velocidade, frescor e urgência - quando necessário. As ações do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) são exemplo disso. Entre elas, destaco a Mostra Lona - Cinemas e territórios, plataforma criada durante a pandemia da COVID-19 para o compartilhamento on-line de "longas e curtas-metragens que tematizam, tensionam ou atravessam questões ligadas à luta pela terra nas cidades, no campo e em contextos indígenas." Ao conhecer as histórias disponíveis, o público é convidado ao debate e provocado a ser e agir solidariamente quanto ao direito fundamental à moradia digna.

No sábado, dia 22 de agosto, conversamos sobre Documentário e Transformação Social com representantes dessa linda iniciativa, Aiano Bemfica e Edinho Vieira; e também com Glaura Cardoso, do Forum Doc 2020, Festival do Filme Documentário e Etnográfico - Fórum de Antropologia e Cinema. Foi o evento especial de abertura dos nossos Mergulhos on-line gratuitos no YouTube, se liga na programação pra não perder nada...



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