Vídeo em casa: o novo normal
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Vídeo em casa: o novo normal

Como usar o cenário doméstico na cobertura jornalística?


Por Katrine Boaventura, Jornalista, pesquisadora em audiovisual e telejornalismo, Doutora em Comunicação


Circula na internet em tempos de pandemia o meme do banner à venda com imagem de uma estante de livros. Desde que a necessidade de isolamento social se impôs, profissionais das mais diversas áreas escolheram estantes e prateleiras de livro como cenário ideal para vídeos e reuniões virtuais. Mas seria esta a melhor alternativa?


Como em quase tudo na vida, depende. Livros, obviamente, remetem a conhecimento, estudo e autoridade na área de atuação. O escritório também é o lugar preferencial para as bibliotecas domésticas. Mas, no caso específico de jornalistas e profissionais de comunicação em geral, outros fatores devem ser levados em consideração.


1. Para pautas com cenário neutro

A distração pode ser ler os títulos dos livros, adivinhar de que se trata o objeto na prateleira, e até mesmo rir dos “chifres” ou outros adereços que aparecem no fundo do cenário e acabam acrescentando involuntariamente mais informações à imagem do jornalista. Para garantir a atenção do público, melhor analisar o enquadramento: deve ser neutro o bastante para a gravação do vídeo.


Outra dúvida muito comum: usar um ambiente que passe totalmente desapercebido ou deixar claro que se está em casa? Não há regra absoluta, como na vida (e em vários desafios impostos pela pandemia, afinal). É difícil buscar um local da casa que não remeta à atmosfera doméstica, mas também não é necessário ambientar o vídeo no estilo #ficaemcasa.


O escritório pode ser uma boa opção, sim. Da mesma forma o sofá da sala de estar. Quem tiver acesso a uma área externa também pode explorá-la na composição do cenário. Gravar em quartos e cozinhas é menos aconselhável, mas se tiver um propósito claro e definido, por que não? Depende sempre da relação a se estabelecer entre a pauta e o cenário. O que não pode se perder de vista é a coerência.


2. Iluminação

Na falta de iluminação artificial apropriada, a melhor alternativa é a luz natural. A fonte pode ser uma janela, mas sempre posicionada atrás da câmera. Se estiver de noite, analise todas as possibilidades disponíveis em diferentes locais da casa e opte pela que permitir melhor iluminação. Luzes amarelas garantem um vídeo mais “quente”, por isso são preferíveis. A luz branca vai deixar o vídeo “pálido”.


3. Áudio

Nas gravações fora de um estúdio, o áudio é a questão técnica mais delicada. Não se preocupe se deixar à mostra o fone de ouvido com microfone. Melhor essa presença intrusa no vídeo e um áudio claro que o contrário. Sem o microfone, sons de todo o ambiente serão captados, incluindo a buzina do ônibus, o latido do cachorro e tudo o mais. Não se engane: quanto mais vazio um ambiente, mais riscos de eco e som metálico. Grave preferencialmente em ambientes com cortinas, tapetes e móveis.


4. Orientação da câmera

Na linguagem audiovisual contemporânea, a orientação horizontal não é mais a única aceita. Mas, se o vídeo for pensado para televisão ou mesmo um canal de TV no YouTube, a visualização na horizontal será a mais indicada, pois a totalidade da tela será aproveitada e mais detalhes serão enquadrados. Para cada plataforma e distribuição, vale a pena pensar no formato mais adequado.


5. Enquadramento

Tente se enquadrar no centro do vídeo. O olhar deve estar a um ângulo reto em relação à câmera. Ou seja, você não deve ficar olhando nem para o alto, nem para baixo. É útil ter um tripé para o smartphone, se quiser boa qualidade de vídeo. Mas também é possível improvisar com livros (sempre os livros, rs...) e outros objetos para apoiar. As variações podem acontecer quando isso se justificar e, como sempre, se houver pertinência com relação à pauta.

6. 1, 2, 3, gravando...

Se quiser visualizar o enquadramento, mas gravar com a câmera traseira, que tem mais qualidade que a frontal, uma saída é usar dois aparelhos celulares ou o smartphone mais um tablet. Com dois dispositivos, é possível usar também aplicativos de teleprompter (TP), que permitem a leitura de textos. Mas só use o TP se já tiver prática ou conseguir treinar antes. Para quem não tem, ler tem resultado inferior a uma fala espontânea, que é mais natural. Antes de começar a falar após apertar o REC, aguarde alguns segundos, conte mentalmente até três, de forma pausada. Esse tempo garante que nada do texto seja cortado. Da mesma forma, quando terminar, conte novamente antes de encerrar a gravação.


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