A culpa é de quem?
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A culpa é de quem?

Assumir responsabilidades na crise indica valores éticos institucionais


Por Luiz Cláudio Ferreira, Jornalista, especialista em Gestão de Crise, Doutor em Literatura e Práticas Sociais


Nem sempre a legislação, que está no papel, trata da complexidade do que são os valores pessoais ou de uma instituição inteira. Na prática, não ser o culpado à luz da lei por um problema ou até por uma crise pode trazer respaldo para “tirar o corpo fora”. E isso é lido de forma sensível pelas pessoas ou públicos de interesse. Na pandemia, situação extraordinária em nossa história que envolve saúde de outra pessoa, vida-morte, emprego-desemprego, as decisões que as empresas tomam podem marcar também historicamente a capacidade de gestão.

Repare que ainda não tratamos sobre o papel da comunicação nesse contexto. Em primeiro lugar, é necessário refletirmos sobre a responsabilidade social, tema ao qual instituições passaram a dar mais destaque no século 21. Em 2004, o Instituto Ethos (acesse o Guia para empresas sobre enfrentamento da COVID-19 com responsabilidade social) identificou que a forma de gestão se define “pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade”. Nesse sentido, que eu concordo, não há uma palavra definitiva para: “preste atenção se você será processado por esse evento”.


Agora, em relação à comunicação, não há discurso sustentável se não houver respaldo de atitudes. Ao contratar um operador de um guindaste de forma temporária, se uma peça cair em via pública, a responsabilidade é coletiva. Do mesmo jeito, uma empresa que contrata serviços terceirizados deve se importar se a prestadora dispensar esses funcionários (ainda que não estejam na folha de pagamento da contratante). E sabemos que nos momentos de crise, a corda arrebenta dos lados mais frágeis.


Do mesmo jeito, os gestores públicos em Brasília devem estar atentos às políticas de saúde do menor município do país. Estimular que as pessoas saiam às ruas ou que fotografem leitos de hospital são atitudes concretas e que indicam os valores éticos de um gestor, ainda que ele não tire uma só fotografia. Estamos em dias que favorecem a adesão ao jogo de empurra. Mas, acredite, na posição de assessoria, é necessário tentar influenciar para que a gestão seja transparente e de empatia. Ninguém nunca esquece momentos como este.



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