De reportagens e podcasts a relatórios e guias, o que você precisa conhecer ou rever ainda nestas eleições
Por Carol Assunção, jornalista, professora, pesquisadora
Já parou para fazer um retrospecto das projeções para o jornalismo no Brasil em 2022? Vejamos alguns títulos da publicação de dezembro de 2021, resultante da parceria entre a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI) e o projeto Farol Jornalismo:
"Jornalismo precisará redobrar as forças para defender a democracia em ano eleitoral", por Juliano Ozório;
"Como cobrir a tentativa de reeleição de um presidente que não aceita ser questionado?", por Juliana Dal Piva;
"Eleições devem gerar recrudescimento de ataques a jornalistas em 2022", por Verônica Tostes.
A gente emite um suspiro profundo de confirmação. Te faço um convite, leia os textos indicados acima, pense no hoje, às vésperas do primeiro turno, e me acompanhe neste breve mergulho que pode te dar mais recursos para os próximos dias de cobertura das Eleições 2022, tanto em reflexão como em ideias e sustância para pautas e matérias.
Começo por diferentes formatos:
Podcasts:
- Eleições sem neurose, por Gisele Brito, da produtora Periferia em Movimento.
- Passado a quente, série documental histórica sobre os últimos dez anos de Brasil, por Rodrigo Vizeu, do Spotify;
- Politiquês - uma crise chamada Brasil, por Conrado Corsalette, do Nexo Jornal, com acontecimentos determinantes para o cenário que vemos hoje;
- Sufrágio - por Angela Boldrini, da Folha de S.Paulo, com histórias pelo Brasil que mostram a desigualdade de gênero na política.
Ferramentas:
- Como usar o Google Trends para acompanhar as buscas sobre as Eleições 2022, você vai se surpreender com a quantidade de possibilidades, clique aqui também;
- Ruralômetro 2022, para conferir a atuação dos deputados federais em assuntos de interesse do meio ambiente.
Plataforma analítica:
- Observatório das Eleições do Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação (INCT IDDC).
Entrevista com o pesquisador em mídias e novas tecnologias Joshua Scacco, da Universidade do Texas:
Outras perspectivas internacionais:
- Explainer: Brazil's 2022 General Election, panorama sobre os candidatos à Presidência da República e cenário legislativo, disponível no site da America Society (AS)/Council das Américas (COA). - Lula y Bolsonaro, un combate de viejos y conocidos pesos pesados, por Víctor Dusabá Rojas da Connectas, plataforma periodística para las Américas, que analisa o combate entre os dois primeiros colocados.
Reportagens:
- “Você é uma vergonha” e “mimimi”: ofensas a candidatas à presidência reproduzem falas de Bolsonaro, por Lu Belin, do Portal AZMina, sobre a misoginia na campanha eleitoral, com uma análise reveladora de tweets contra Simone Tebet e Soraya Thronicke. - Eleições: Jovens sobram no TikTok e faltam nas urnas, por Elânny Vlaxio, da Abaré, matéria completa sobre a participação política da juventude brasileira. Por falar em TikTok...
As redes sociais durante a campanha eleitoral
Vivemos uma maré de fadiga de notícias, em que as redes sociais são, ao mesmo tempo, fontes fundamentais de informação e poços de problemas. É o que mostra o relatório Digital News Report 2022, que entrevistou 93 mil pessoas nos seis continentes do planeta. As páginas do documento dedicadas ao Brasil, por Rodrigo Carro, destacam os ataques à imprensa pelo Presidente da República, além da polarização a ser confirmada pelas Eleições. Alguns números:
54% dos brasileiros responderam que evitam deliberadamente o noticiário com frequência ou de vez em quando, por considerarem repetitivo (especialmente sobre Covid-19), deprimente ou excessivo em assuntos de política. Esse índice vem crescendo progressivamente, foi de 27% em 2017 e 34% em 2019.
64% dos brasileiros disseram consumir notícias pelas redes sociais - principalmente YouTube (43%), WhatsApp (41%), Facebook (40%) e Instagram (35%).
Em outro levantamento, em artigo de Murillo Camarotto, mais de 70% dos brasileiros reconhecem que essas plataformas geram circulação de desinformação ou erros, assédio on-line e uso irresponsável de informações sobre pessoas.
Isso explica muita coisa.
Em junho deste ano, quatro meses depois da assinatura de acordos entre o Tribunal Superior Eleitoral e plataformas de redes sociais para manter a integridade das Eleições 2022 e combater a desinformação, o relatório Democracia em Xeque analisou os efeitos dessa ação: "[...] os acordos ainda se apresentam tímidos diante dos desafios que se apresentam, especialmente no caso brasileiro, mediante a postura hostil e os seguidos ataques do Presidente da República, seu entorno e o ecossistema digital que o apoia contra a higidez do processo eleitoral – notadamente os sistemas de votação (urna eletrônica) e apuração – e o reconhecimento dos seus resultados, bem como a permanente suspeição de imparcialidade contra os ministros do STF que compõem o TSE."
Outro documento importante a ser verificado é O papel das plataformas digitais na proteção da integridade eleitoral em 2022, por uma série de organizações jornalísticas, entre agências, institutos e projetos. Trata-se de "um conjunto de recomendações que entendemos que devem ser adotadas pelas plataformas para proteção de direitos individuais e coletivos, em especial para proteção da integridade do processo eleitoral." Ainda sobre integridade eleitoral, a ONU expressou preocupação com as eleições no Brasil, dado o quadro de discursos de ódio, desinformação e violência que já dura há alguns anos. Entidades jornalísticas também se manifestaram pelo fim dos ataques à imprensa.
Guias importantes (clique para acessar os pdfs das publicações):
A depender do grau de proximidade com a cobertura de eleições no seu cotidiano profissional, talvez você já conheça o Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação da Justiça Eleitoral. De toda forma, vale a pena passear por ele, a partir de projetos como o "Fato ou Boato", as "30 pílulas contra a desinformação", os guias e manuais disponíveis, entre outros.
Você pretende acompanhar as Eleições bem de pertinho, em termpo real? A Justiça Eleitoral também oferece aplicativos para monitorar a apuração em tempo real. Faço votos que o primeiro turno aconteça em paz, e que o compromisso com a nossa Democracia seja a prioridade geral.
Se esta seleção de textos foi útil pra você, compartilhe com todo mundo que possa se interessar. Até o próximo mergulho!
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