A Escrita Criativa tem espaço e relevância na produção de conteúdo e na pesquisa científica
Por Sandra Araújo*, Professora e Escritora, Doutora em Literaturas de Língua Portuguesa
Já pensou em escrever algo? Aprender as técnicas de escrita neste período de quarentena pode ter uma função terapêutica. O momento pede que fiquemos quietos em casa, condição perfeita para escrever.
Você já ouviu falar de Escrita Criativa, não é mesmo? Uma busca no Google leva a mais de 16 milhões de resultados, entre ofertas de cursos e oficinas on-line. Há quem pense se tratar de uma “modinha”. Só que não. A área tem se consolidado no Brasil e no mundo como linha de pesquisa, em nível de Graduação e Pós-graduação – lato e stricto sensu. A origem é antiga, pois nasce da tradição do ensino de técnicas de criação literária por escritores experientes, para quem desejasse aprender essa arte. Nos EUA, França, Inglaterra, Espanha, Brasil, entre outros países, as oficinas literárias passaram a ser estudadas no meio acadêmico.
No Brasil, a oficina de Escrita Criativa mais antiga completa 35 anos em 2020, tendo sido ministrada de forma ininterrupta pelo professor, escritor e pesquisador Luiz Antonio de Assis Brasil, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). A instituição possui um curso de graduação e uma linha de pesquisa no Programa de Pós-graduação em Letras (nota máxima na avaliação da CAPES: 7), além da oficina extensionista.
Neste ano, o Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada (Abralic) trará, em dois de seus simpósios temáticos, a reflexão sobre a Escrita Criativa nas universidades. Serão realizadas discussões sobre experiências de ensino em oficinas, além de perspectivas de estudos para o século XXI, como o diálogo dessa linha com outras áreas do conhecimento e das Artes.
Escrita criativa nas redes
Na internet, em perfis nas redes sociais on-line, muitas pessoas têm feito um “diário da quarentena”, em que registram emoções sobre a dificuldade do momento. Mas, se você prefere dar asas à imaginação e se aventurar pela ficção, aqui vai uma dica preciosa, baseada na teoria de Assis Brasil, mencionado acima.
No livro Escrever Ficção (Companhia das Letras, 2019), ele explica como o personagem deflagra a história. Costumamos pensar que, para se escrever ficção, é preciso ter um bom enredo. Contudo, segundo o professor e pesquisador, quem promove a narrativa é o personagem, com suas complexidades e profundidades, que arrebatam o leitor.
Pense em um personagem que esteja, como nós, atravessando um momento de grave epidemia, e precisa reajustar toda a sua conduta no mundo. Essa história pode ir longe…
*Professora dos cursos Escrita criativa: da reflexão à prática e Escrever é: errar e acertar ou adequar? - Gramática nossa de cada dia
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