Não fique refém da Netflix!
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Não fique refém da Netflix!

Livros são excelentes companheiros, fique com esta dica de leitura


Por Jacques Fux*, Escritor, Doutor em Literatura Comparada e Langue, Literature et Civilisation Françaises


Em meio às perseguições nazistas, vivendo presa em um gueto onde se convive cotidianamente com a morte, com o desaparecimento e com as doenças, Rutka Laskier, atenta a todas essas circunstâncias de dor, encontra tempo para se preocupar com o desejo de viver o amor e a sexualidade. Humana, demasiadamente humana, Rutka mostra todas as facetas de alguém cujo perímetro de vida traçado pelas marcas do ódio e da morte é refeito pela plenitude da existência recomposta pela sutil medida do instante.



“Algo se partiu em mim. Quando passo ao lado de um alemão, fico completamente tensa, não sei se de medo ou de ódio. Fico com vontade de atacá-los, atormentar suas mulheres e filhos, que açulam contra nós os seus cãezinhos de salão. Bater neles e enforcá-los com força, cada vez com mais força... Quando é que, finalmente, chegará o dia do qual falou Nica... Isto é uma coisa, mas agora há uma outra. Desconfio que despertou em mim a mulher. O que eu quero dizer é que ontem, quando eu estava deitada na banheira e a água acariciava meu corpo, ansiei por ser acariciada pelas mãos de alguém... Não sei o que foi aquilo, nunca senti nada parecido antes... Hoje estive com Micka. Não sei como seus amantes fazem para que ela não queira se separar deles. Todos estão tão deslumbrados com ela, achando que todos os garotos devem ser apaixonados por ela; naturalmente eu faço crítica a isso com Janek; sendo que Janek tem nojo dela (não sei por quê). Parece que Janek gosta muito de mim, mas, para mim, ele nem fede nem cheira!”

Em meio ao terror e próximo ao inferno, uma criança, madura para sua idade, relata comoventemente sua ânsia por viver, amar e sentir tudo, de todas as maneiras. Lembrar-nos da pequena Rutka hoje é não deixarmos triunfar a depressão e o desânimo. É manter a vontade de viver e de lutar por um mundo melhor.











Livro: O diário de Rutka.

Autora: LASKIER, Rutka.

Editora: 2008.









*Professor dos cursos Borges e quixote: leituras infinitas do romance moderno e Autoficção: romance, ficção, literatura, autobiografia



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